quarta-feira, 8 de julho de 2009

Um domingo na Redenção


Foto: Ricardo Stricher / PMPA

Porto Alegre é uma cidade repleta de parques e… Não, isto aqui não é um anúncio turístico ou qualquer espécie de guia para conhecer a cidade. Apenas vou comentar um pouco sobre uma tarde de domingo na Redenção, o lugar onde acontece o maior choque cultural da cidade, tendo em vista que Porto Alegre não é mais a sede do Fórum Social Mundial, e este acontece apenas uma vez por ano.

Nada melhor que um dia de sol e clima agradável no inverno gaúcho. Ir passear no shopping, ainda mais em época de crise financeira não pode ser mais fútil e sem graça, por isso vamos aos parques e praças (o que difere um do outro?). A Redenção, talvez o mais famoso, é uma escolha garantida quando se quer ter uma tarde agradável. Caso isso não aconteça ao menos é possível se divertir com algo inusitado acontecendo.

A Redenção pode ser como um festival de música ao vivo, com a diferença que todos têm liberdade para mostrar seu talento escondido, a criatividade é sem limite. Quem entra no parque pela Oswaldo Aranha, na entrada do brick, sempre se depara com o grupo dos índios que aderiram à tecnologia fazendo seu espetáculo. Música indígena, com instrumentos feitos a mão e uma boa ajuda de caixas de som e microfones, o que mostra que dificilmente alguém não se rende ao mundo tecnológico.

Entre os grupos musicais os índios reinam. Tudo pode ser feito de instrumento, o ritmo é livre e os nossos ouvidos são pinicos. Mas devemos deixar cada um se divertir e se expressar como bem entende. Se não gostou não é obrigado a aturar.

Saindo do ramo da música indígena, próximo ao que um dia foi uma parada de ônibus encontro outro grupo musical tocando, e este sim agradaram aos meus ouvidos, quatro rapazes tocavam uma espécie de música folk e western, fazendo o uso de bandolim, violão, violino e um baixo-acústico. Uma música diferente do que estamos acostumados a ouvir na cidade, e isso em altíssima qualidade. Tratava-se do conjunto Bluegrass Portoalegrense, que é bem melhor que muita banda que faz sucesso por aí, mas como gosto não se discute...

Além da música, é possível encontrar diversas formas de arte livre, agradando os mais diferentes gostos. Estátua viva que recita poemas, tiozinho do show de humor entre outras coisas.

O parque é grande, assim como sua diversidade. Nunca use o chafariz como ponto de referência para encontrar alguém, acreditem tem vezes que está tão cheio que achar este alguém pode ser tão difícil quanto encontrar Wally.

Depois disso tudo é provável que o estômago comece a reclamar pedindo por combustível. Há uma disputa interna que tem se tornado desigual nos últimos tempos. As barraquinhas de pipoca contra as de churros, esta última tem levado vantagem, ainda não descobri o motivo, mas deve ser porque pombos não gostam de churros. Malditos pombos. Por via das dúvidas quem se dá bem mesmo é quem vende as duas coisas.

Para os que preferem algo diferente como algodão doce e essas outras comidas existentes nos parques ou, vamos dizer assim, algo mais sofisticado, existem diversas opções. Mas faço aqui uma crítica pública à sorveteria que fica de cara com a Rua Oswaldo Aranha, não a recomendo. Ao menos que você goste de sorvete com sujeira...

Após ter a fome saciada, é hora de encarar uma missão impossível: encontrar um banco livre para sentar. Ainda bem que o lugar é repleto de árvores e grama, que servem como uma alternativa um pouco mais dolorosa as nossas costas tendo em vista a queda na população de bancos do habitat.

Depois de sentar em algum lugar é possível tirar um pouco do tempo para admirar as mais diversas tribos que rondam por lá. Punks, hippies, emos, emos paraíba (aqueles pseudo-emos meio chinelões que se vestem de maneira bizarra e passam alguma substância medonha nos cabelos), alternativos, intelectuais, aqueles que acham que são intelectuais, socialistas revolucionários, alienígenas... Acreditem, existe de tudo na Redenção, um lugar mágico, pois todo mundo se encontra e se sente a vontade em um ambiente comum.

Propício também para famílias se divertirem, os pais sempre devem ficar de olho em seus pequenos, ainda mais que o lugar é habitado pelos tão temidos “bondes”, aquela gurizada com atitudes ridículas que adoram atazanar a vida dos outros sem motivo.

Garantida uma tarde agradável é bom ir embora ao anoitecer, isso se você não quiser ser abduzido. Andar lá dentro durante a noite requer uma coragem que eu não tenho.

Se chover no domingo, não é motivo de preocupação, ela vai estar lá no próximo fim de semana, com essas e outras atrações, pronta para ser usufruída por todos.

Este foi apenas outro olhar sobre um lugar que faz parte da identidade de Porto Alegre, de seu ambiente e de sua atmosfera única, que se torna um portal de fuga do cotidiano, ou apenas um local para tomar chimarrão, ler um livro e conversar com os amigos, isto para os mais realistas.

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